Uma página da vida...
Sentada nos degraus daquela pequena casa outrora ninho de meus avós, regressava ao passado que fora o presente na minha infância.
O pensamento tentava descortinar quantas vivências interiorizadas nas suas paredes, quantas alegrias e tristezas se escondiam por detrás das vidraças agora quebradas, que deixavam entrar o Sol que despontava ou a chuva tocada pelo vento. Os seus recantos adormecidos e em ruinas falavam em silêncio daquilo que fora a sua alma. Uma casa pequenina da ruela empedrada e por vezes cheia de caruma, rotineira para as crianças a caminho da escola no outro lado da estrada, para os sonhadores sob o Céu azul ou estrelado, em que o Sol e a Lua sobressaíam consoante a sua disposição ou vestimenta diária, a rua rotineira para o burro que todos os dias a percorria puxando pela carroça. Quantas vezes sentada na sua trave, e deixando-me levar pelo seu lento caminhar, vislumbrei a paisagem em redor, as matas sombrias de Inverno e o despontar da verde folhagem da Primavera...
Cheiro a rosmaninho e alecrim, que colhi e pousava no alpendre! Que perfumava a aragem em redor como se a vida jamais terminasse!...
Um recanto do Universo longínquo, mas de agora!
Résteas do então, que o tempo e a vida consideram "presente"!
5 Comments:
E que bem que sabe encontrar um refúgio assim :)
Olá MiaHari,
São todas essas memórias, retalhos do passado que construíram toda esta manta de memórias, que nos aquecem a alma, em dias presentes...
Obrigado pela partilha das memórias!
Nuno Osvaldo
Tão bonito este pseudónimo: umacoisaemformade_assim....
Obrigada pela sensibilidade e pela análise ao meu texto.
De facto, não sei bem responder se melancolia ou regresso a casa, de qualquer dos modos, qualquer coisa de belo passou...e ficou!
Um abraço.
Luis,
Nas muitas fases que a nossa vida tem ficam marcas, que são nossas,
que mais tarde são objecto de atenção e, consoante o seu estado, assim nos trazem ou não boas lembranças...
E as boas lembranças, são sempre nosso refúgio, ou pelo menos, as boas lembranças nos acalentam o espírito...
Ainda bem que sentiu neste meu pequeno texto um refúgio.
Muito obrigado e um abraço.
Olá. Nuno
Podemos comparar a nossa vida a uma enorme manta de retalhos; tecidos finos, outros menos, cores tristes e outras alegres, enfim um serpentear por labirintos que não sabemos onde vão chegar...
Mas o passar dos anos tem o mágico poder de nos fazer ver o que fez, e faz, parte do que somos...
Partilha de memórias, disse bem!
Obrigado pelas suas palavras, um abraço e volte sempre.
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